Ex-militar quilombense defende patriotismo e trabalho pela comunidade
Na semana passada, crianças e jovens da região foram à rua e participaram dos atos cívicos. Desfiles, marchas, poesias e declarações de patriotismo. Todas essas ações foram realizadas para estimar a independência do Brasil.
Para lembrar uma etapa da história do país, o jornal Destaque Regional conversou com o agricultor Rufino Angonese, 68 anos, residente na Linha Sachet, interior de Quilombo. Pessoa humilde, com cabelos brancos e a experiência de ter servido as Forças Armadas Brasileiras.
Uma das peculiaridades da história desse senhor, foi servir o Exército num dos períodos políticos mais conturbados do país. Foi incorporado no dia 8 de janeiro de 1963, no 12º Batalhão de Engenharia de Combate em Alegrete, Rio Grande do Sul.
“Entrei no Exército, aprendi muito sobre disciplina e fui preparado para combater como preparador de minas terrestres”, relata. A estadia desse brasileiro era para durar no máximo sete meses.
No entanto, prestes a deixar a missão de soldado, ocorreu no dia 13 de setembro de 1963 um toque de recolher no Batalhão. “Estávamos prontos para ir para casa, com a determinação, em menos de 10 minutos, nos preparamos com a farda e a arma nas mãos para o combate”, recorda.
Num breve resgate histórico, o Brasil passava por conflitos políticos internos entre o presidente João Goulart e alguns generais. A guerra por interesses ideológicos e de domínio político culminou com o Golpe Militar, no dia 31 de março de 1964, quando os militares assumiram o comando do país.
A história de Angonese nas Forças Armadas era para durar no máximo um ano. Porém, no Batalhão se estendeu por um ano e meio. “Fiquei esse período no Quartel e mais três anos e meio na ativa, pois a qualquer hora poderia ser convocado para servir”, comenta.
“Lembro que os generais, nossos superiores, falavam que a situação política do Brasil era grave. No Batalhão, nós não podíamos ouvir rádio”, diz. Segundo Angonese, houve casos de punições aos contrários do regime, mas tudo era sigiloso.
Enquanto ficou na ativa, sobre aviso, trabalhou na agricultura, na propriedade no interior de Erechim, município onde encontrou Égide, esposa a qual se casou em 1966 e constituiu família.
Opinião
O ex-militar, com senso crítico, destaca pontos favoráveis e negativos do Regime. Referente aos positivos, avalia os avanços do país na infraestrutura, a ordem política com apenas dois partidos (Arena e MDB) e o progresso no setor agrícola.
O fato de ter servido as Forças Armadas, não impõe limitações para fazer algumas observações sobre o sistema adotado no período de 1964 a 1984. A repressão a civis, salários baixos aos soldados e excesso de violência foram pontos negativos do Regime.
Na opinião desse ex-soldado e hoje agricultor aposentado, o fato de viver numa democracia não assegura a impunidade e a desigualdade. Sobre a experiência no Exército, Angonese fala da responsabilidade que o cidadão deve ter para com a pátria. “Uma coisa gostaria de dizer: as pessoas não devem ter medo das Forças Armadas, porque elas ajudam a defender nosso território e nosso povo”, salienta.
Da experiência de ter vivenciado uma etapa da vida no Batalhão, Angonese defende o civismo do ser humano trabalhar pelo bem comum. “As obrigações que temos com a pátria são as mesmas que devemos ter com o local em que vivemos”, finaliza.
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